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Por Ivânia Freitas*

Parece um elogio, mas no fundo, é o retrato da precarização do trabalho docente. É o excesso de trabalho, o não respeito ao tempo de descanso, lazer e outras atividades da vida do professor. É a autorização da super exploração.

Nessa charge, o Professor é a própria expressão do trabalhador explorado e da felicidade com essa condição, simplesmente por receber um elogio de que ele é tudo. No entanto, a riqueza que ele produz não é econômica e isso faz do trabalho docente um trabalho desvalorizado.

A média salarial do Professor é baixa, sobretudo, quando comparada a várias profissões e mesmo a cargos políticos que nem exigem formação acadêmica, como a profissão docente exige.

Quando há necessidade de cortes nos recursos, quem primeiro entra na mira?  A educação e o Professor. Quando se quer esconder os reais motivos dos problemas educacionais, é o Professor o alvo.

Professor só importa para os capitalistas se for dócil, seguidor de cartilha, preparador de fiéis e adaptados, futuros trabalhadores para o mercado.

Professor que pensa, que produz ciência, que questiona as desigualdades, que expõe as contradições, que assume sua autonomia político-pedagógica, esse é execrado, criticado, caluniado, perseguido, vigiado, punido.

Não, professor não é tudo, nem tem que ser. Nenhuma profissão é! O que devemos fazer é dizer não a precarização. Não somos dois ou dez em um. Não temos que trabalhar 24 horas, não temos que aceitar as imposições, não temos que silenciar diante das questões que nos afetam diretamente e desqualificam nosso trabalho.

Professor tem que sair do silêncio, sair da condição de cumpridor de tarefas que, sequer, tem sua opinião considerada. Professor pode até ser "top" mas não é uma entidade onipresente para estar em todos os lugares e fazendo tudo ao mesmo tempo.

Se esse tem sido o curso normal da vida, vamos refazer o caminho. De tanto fazermos tudo e de várias formas (que nem sempre se fazem visíveis ao público), estamos sendo acusados de preguiçosos que não querem trabalhar e isso ocorre, exatamente, por que estamos dizendo NÃO, às condições desfavoráveis.

Se liguem!

Doutora em Educação e Professora da UNEB - Campus VII.