![]() |
Imagem/Facebook da autora |
Por Ivânia Freitas*
Parece um
elogio, mas no fundo, é o retrato da precarização do trabalho docente. É o
excesso de trabalho, o não respeito ao tempo de descanso, lazer e outras
atividades da vida do professor. É a autorização da super exploração.
Nessa
charge, o Professor é a própria expressão do trabalhador explorado e da
felicidade com essa condição, simplesmente por receber um elogio de que ele é
tudo. No entanto, a riqueza que ele produz não é econômica e isso faz do
trabalho docente um trabalho desvalorizado.
A média
salarial do Professor é baixa, sobretudo, quando comparada a várias profissões e mesmo a cargos políticos que nem
exigem formação acadêmica, como a profissão docente exige.
Quando há
necessidade de cortes nos recursos, quem primeiro entra na mira? A educação e o Professor. Quando se quer
esconder os reais motivos dos problemas educacionais, é o Professor o alvo.
Professor
só importa para os capitalistas se for dócil, seguidor de cartilha, preparador
de fiéis e adaptados, futuros trabalhadores para o mercado.
Professor
que pensa, que produz ciência, que questiona as desigualdades, que expõe as
contradições, que assume sua autonomia político-pedagógica, esse é execrado,
criticado, caluniado, perseguido, vigiado, punido.
Não, professor
não é tudo, nem tem que ser. Nenhuma profissão é! O que devemos fazer é dizer
não a precarização. Não somos dois ou dez em um. Não temos que trabalhar 24
horas, não temos que aceitar as imposições, não temos que silenciar diante das
questões que nos afetam diretamente e desqualificam nosso trabalho.
Professor
tem que sair do silêncio, sair da condição de cumpridor de tarefas que, sequer,
tem sua opinião considerada. Professor pode até ser "top" mas não é
uma entidade onipresente para estar em todos os lugares e fazendo tudo ao mesmo
tempo.
Se esse
tem sido o curso normal da vida, vamos refazer o caminho. De tanto fazermos
tudo e de várias formas (que nem sempre se fazem visíveis ao público), estamos
sendo acusados de preguiçosos que não querem trabalhar e isso ocorre,
exatamente, por que estamos dizendo NÃO, às condições desfavoráveis.
Se
liguem!
* Doutora em Educação e Professora da UNEB - Campus VII.
0 Comments
Postar um comentário