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Imagem/Fabiano Maisonnave/Folhapress |
Diversos e Livres
Por Ivânia Freitas*
34,6 mil
quilômetros quadrados já foram queimados no Pantanal. Para a gente ter uma
ideia, é uma área maior que o Estado de Alagoas que tem 27,8 mil km². É um
quantitativo assustador!
Mas, o
que tem a ver o incêndio no Pantanal comigo e com você?
Quem não
se percebe parte da natureza pode achar que não tem nada com isso. Mas, quem
tem um mínimo de bom senso, sabe que as chamas que ardem no Pantanal não trarão
dificuldades apenas para os que vivem na região centro-oeste, mas para todos
nós. Fauna, flora, rios e solos, estão perdendo sua vida no fogo destruidor e
isso, certamente, afetará o clima, a produção de alimentos, o aumento de
doenças, de pragas, causando um enorme desequilíbrio ambiental e social.
E por que
o fogo lá, tão longe de tantos de nós, causará tudo isso e para quem não tem
nada a ver com o Pantanal?
Bom, é aí
que vem a grande lição que não podemos deixar de aprender: nós, homens e
mulheres, somos parte dessa grande e orgânica composição chamada natureza onde
a vida requer equilíbrio. Ainda que tenhamos a capacidade de criar e
transformar tudo ao nosso redor, não somos independentes. Na verdade, olhando
bem, no grande esquema da vida na terra, nós, homens e mulheres somos os mais
dependentes dos outros seres e elementos que compõem a dinâmica da natureza.
Pensem comigo: se um vírus como o da COVID-19 ou outro mais letal, acabasse com a vida dos homens e mulheres no planeta, as águas, os solos, a fauna, a flora e o ar, não sofreriam o menor impacto negativo! Ao contrário, a passagem da COVID tem nos mostrado que o isolamento social global, nos primeiros meses da pandemia, fez a natureza retomar parte do seu curso. Se o vírus fatal chegasse, de fato, aos humanos, sem dúvida nenhuma que a natureza se reequilibraria e funcionaria na mais perfeita ordem.
Mas, se o
contrário acontecer (como vemos na demonstração do que ocorre no Pantanal), nós
não sobreviveremos. Por mais que possamos inventar alimentos transgênicos e
outras tantas formas de produtos sintéticos e cheios de venenos para nosso
corpo, seria impossível viver! Oxigênio e água (que são vitais) não se produzem
sem a fauna, a flora, sem os solos.
Essa
organicidade da natureza nos mostra o quanto somos interdependentes e para isso
devemos usar nossa capacidade criativa para ampliar nossa boa relação com os
outros elementos e seres, o que seria, sem dúvidas, uma forma inteligente de
viver.
Precisamos
aprender que não vivemos sozinhos, mas em coletividade e quando os elementos da
natureza estão em desequilíbrio, a vida humana está em grande risco.
A maioria
de nós nem sequer conhece o Pantanal, mas podemos ter certeza de que toda a dor
das vidas em chamas naquela região nos será devolvida de alguma forma. A lição
que devemos correr para aprender é que toda ação tem uma reação. No universo
nada funciona fora dessa lei. Colhemos o que plantamos e mesmo que,
aparentemente, não tenhamos nada a ver com o surgimento do fogo naquela região,
não importa, pagaremos o preço porque somos parte desse todo, complexo e
dinâmico que é o universo e nada passa despercebido, inclusive, a nossa
indiferença.
Essa é a
forma que, na minha compreensão, o universo tem para nos dizer: aprendam a
cuidar uns dos outros, sejam empáticos, sintam-se parte desse sistema e
entendam de uma vez por todas, se todas os elementos da natureza estão ligados
entre si, todas as ações individuais sempre terão efeitos na coletividade. O
que vocês fizerem (como seres inteligentes e possuidores de livre arbítrio)
voltará para vocês em forma de novas ações (como efeito dominó, que ao cair uma
pedra, as outras caem sem seguida) e como reação (a exemplo de uma bola de
tênis lançada na parede que volta na mesma direção que a lançou).
Essa é
uma lei universal. Escolhas e ações individuais viram escolhas e ações
coletivas e tudo que fazemos, por mais que pareça insignificante, sempre
arranjará um jeito de voltar para nós. Isso serve para tudo, para as más e para
as boas escolhas!
O fogo do
Pantanal, a devastação na Amazônia, os agroquímicos nas águas, nos solos, no
alimento, o voto que elege quem definirá as políticas públicas, o vírus mortal,
tudo tem a ver com as nossas boas e más escolhas.
Portanto,
se importe com as chamas do Pantanal, se importe com os índios na Amazônia, se
importe com os homens e mulheres assassinados por defenderem causas coletivas,
se importe com as mais de 140 mil vidas que foram levadas pela COVID-19, se
importem! Tudo isso nos serve de alerta para o que estamos perdendo e mais,
para o que estamos semeando.
Nos diz o ditado, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
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