Nesta segunda-feira, 26/10/20, aconteceu, na praça Manoel Firmo Ribeiro, a primeira edição da “Feira Agroecológica da Cultura Econômica de Remanso”. Durante a feira, foram comercializados pescados, alimentos livres de agrotóxicos e produtos artesanais. Além disso, falas foram feitas a fim de levar à população informações a respeito da agroecologia. Por fim, as pessoas puderam fazer suas doações para a Campanha Bahia Solidária: do Sertão ao Litoral.

Produtos artesanais na Feira Agroecológica

Segundo Franzé Silva, assessor técnico do Sasop (Serviço de Assessoria e Organizações Populares Rurais), um dos objetivos da feira é “aproximar o campo e a cidade, bem como fortalecer a agroecologia”. A feira é uma importante estratégia para a agroecologia, pois nela os produtos comercializados são de produção familiar e feitos a partir de processos de transição agroecológica. Nesse tempo de pandemia, aumenta ainda mais a importância estratégica da feira, uma vez que ela acaba se tornando a principal fonte de renda das famílias produtoras. Em Remanso, por exemplo, neste ano de 2020, praticamente nada foi comercializado pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que determina que pelo menos 30% da alimentação escolar deve ser proveniente da agricultura familiar.

Franzé, assessor técnico do Sasop

De acordo com Franzé, a prefeitura de Remanso, apoiando-se numa lei recentemente aprovada (Lei 13.987), que garante alimentos da merenda a alunos com aulas suspensas por causa da pandemia da Covid-19, “vem colocando resistência aos produtos da agricultura familiar, porque diz que são produtos muito perecíveis, cuja logística é difícil, ocasionando contaminação”.  A lei traz uma série de orientações aos estados e municípios nesta questão da comercialização, no que se refere aos recursos do PNAE. Para ele, a prefeitura deveria se sensibilizar e dizer: “a gente vai comprar produtos dos mercados convencionais, mas também dos agricultores, fazendo respeitar a lei da forma como funciona, garantindo os 30%” da agricultura familiar.

A garantia desses 30% é fundamental, porque por ano são cerca de R$ 300.000 do PNAE para a compra de produtos da agricultura familiar. Sem esses recursos, as famílias veem sua renda cair, colocando-se na obrigação de buscar outras fontes de renda. Uma delas é a feira. Não à toa, uma das demandas dos grupos que participaram da organização da primeira edição da Feira Agroecológica foi sobre como fazer com que ela se torne permanente. Com relação a essa demanda, Franzé garante que daqui a um mês haverá a segunda edição da feira, na qual os grupos, diante da falta de recursos para a montagem da infraestrutura, vão ter que garantir o funcionamento dela.

Produtos comercializados na Feira Agroecológica

Franzé avalia que as pessoas precisam conhecer mais a agroecologia. Apesar disso, o pessoal que comercializou seus produtos se mostrou bastante satisfeito com o resultado, tendo em vista que esta foi a primeira edição da feira. “As vendas foram muito boas; a presença da população foi muito boa também; muitas pessoas passaram, muitas pessoas prestigiaram esse momento”, destacou o assessor técnico do Sasop. Porém, para Socorro Santos da Rede Mulheres, a população remansense deveria prestigiar bem mais a feira. “A população em si não participa. A população de Remanso não participa, não sei porque, infelizmente”, afirmou ela, que considera a feira um momento oportuno para a visibilidade dos grupos e das famílias dedicadas à produção agroecológica. Além de ser, para as mulheres, uma estratégia de empoderamento, ao dar a elas independência financeira.


Texto e fotos: Aroeira Comunica.