Por Cláudio Silas Viana*

Daqui alguns dias, tomará posse como novo prefeito de Remanso, Dr. Marcos Palmeira, colocando, assim, fim ao mais longo período em que um grupo político se manteve no poder na cidade nova, ou seja, 16 anos seguidos.

Importante fazermos algumas inflexões e reflexões, visto que o grupo que tomará posse tem como lema: “O Grupo da Mudança!”. Pois bem, será mudança ou ressurgimento de velhas oligarquias?

Ao depararmos com a chapa vencedora, temos como cabeça de chave Dr. Marcos e sua vice Renata Rosal. Ambos são filhos de lideranças políticas – nasceram em berço político. O primeiro filho da ex-vereadora Dona Dalvina; a segunda, do líder político e ex-prefeito Renato Rosal.

Neste sentido que pontuamos e fazemos nossa reflexão: mudança ou ressurgimento de velhas oligarquias?

De fato, nossa história política no Brasil como todo baseia-se muito em oligarquias que se perpetuam no poder por anos; exemplo da nossa região são os Vianas na amada cidade de Casa Nova, que estão politicamente há mais de 100 anos no poder, desde o velho Luis Viana, quando se tornou político no final do século 19.

Sendo assim, quando falamos do novo gestor e sua vice, voltamos a um passado não tão longe.

Como dito acima, a vice prefeita eleita, além de filha do ex-prefeito Renato Rosal, é sua herdeira política. Por sua vez, Renato está umbilicalmente ligado a política local há pelo menos 45 anos. No auge dos seus 80 anos, volta a triunfar na cena política. No entanto, podemos dizer que nos últimos 30 anos emplacou com seu apoio todos os prefeitos eleitos de Remanso, exceto Dr. Celso; ou seja, todos de certa forma foram apadrinhados por sua liderança.

Vejamos, Renato Rosal foi lançado como prefeito biônico no final dos anos 70, quando era indicado pelo presidente da república em tempos de ditadura. Permaneceu no poder por 5 anos. Volta ao poder no ano de 1989, quando junto com Aloisio Mendes, venceu as eleições de 1988 contra Candinho Coelho. Consolida-se como líder político.

No ano de 1992 (ainda não havia possibilidades de reeleição), indicou como seu sucessor Carlos Castro, sagrando-se vencedor em uma eleição apertada contra Zé Filho. Na gestão Carlos Castro, houve o rompimento. Assim, Renato apoia, em 1996, a chapa Zé Filho e Matilde Rosal (sua esposa), vencendo Dr. Celso. Dessa forma, Renato, mais do que nunca, consolida-se como a maior liderança política do município.

Não diferente da gestão de Carlos Castro, Renato rompeu com Zé Filho e seu grupo, e no ano de 2000, lançou-se candidato, tendo como lema: Tome-lhe 14! Alusão ao número do seu partido PTB. Sagrou-se vencedor contra a reeleição do prefeito Zé Filho.

Em uma gestão precária e deficitária, Renato chegou a atrasar por meses e meses os salários dos funcionários. Numa cidade sem zeladoria, começa a ruir o reinado de Renato Rosal.

No ano de 2004, tentou se reeleger, mas foi derrotado por Zé Filho: acachapantes 2036 votos de frente. No ano de 2008, voltou a ser candidato, sofrendo a maior derrota que houve em Remanso, com mais de 6 mil votos de frente: consolidava-se ali Zé Filho como a maior liderança política, e, consequentemente, Renato perde espaço como o nome da oposição de Remanso.

Amargou ainda mais duas derrotas: em 2012, saiu candidato a vice de Marcos Palmeira, ambos derrotados por Celso; em 2016, cedeu apoio novamente a Marcos, mas este foi derrotado por Zé Filho.

Voltando ao que sugerimos: Renato, além de sair vitorioso das eleições de 2020, emplacou como vice sua filha. As perguntas que permeiam nossas cabeças são: será a mudança que todos esperam? Será um governo participativo? Será o governo onde terá olhar clínico e empático para o social?

Todos esperam de forma premente essas mudanças, sobretudo, a mudança de postura. Aparenta estar com vontade. Aparenta estar travando diálogo com a população. Contudo, esperamos não ser uma atitude politiqueira e populista de apertar agora as mãos daqueles e daquelas que lhe confiaram o voto, e depois virar as costas.

O que nos resta é aguardar, para sabermos se será a mudança ou ressurgimento de velhas oligarquias.

Alvissareiros estamos nós!


* Advogado, especialista em Direito Municipal e pós-graduado em Direito Público e Gestão
Pública.