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Diversos e Livres
Por Ivânia Freitas*
Fui educada pelos sentidos
a terra molhada
o estrume de bode no
curral
a carne assando no fogão à
lenha
o café quentinho passado
no coador de pano, servido ao entardecer
Os cheiros da minha vida
me ensinaram a amar os aromas
o chocalho das cabras
o canto dos pássaros ao
nascer e fim do dia
o berro do cabrito novinho
correndo atrás da mãe
o barulhinho da chuva no
telhado
o vento fazendo zunido nas
árvores
o trovão seguido do
benzimento
água correndo no riacho
o “tibum” do copo de
alumínio dentro do pote de barro
viola em noite enluarada
sons que me apuraram os
ouvidos para o mais sublime
brincar na terra
pernas ágeis no terreiro
areia molhada sob os pés
água gelada da moringa
orvalho da manhã
sol escaldante
banho de chuva
Sensações que me ensinaram
a sentir a vida em plenitude, a vida pelos poros
umbu chupado no pé
buchada de bode
sarapatel
doce de leite
queijo de cabra
leite quente direto do
peito da cabra
manga verde com sal
sabores em memórias de
pura felicidade
a caatinga na primavera,
as caraibeiras amarelando
os dias
a flor de mandacaru
o pôr do sol de tirar o
fôlego
o céu estrelado
noites de lua cheia
água correndo no riacho
as flores entre as pedras
são imagens que compõem as
memórias do privilégio de ver
sentir
ouvir
ser
eu,
meus sentidos
e seus sentidos
eu
você
e
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