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O ano de
2020 termina em meio a um misto de desamparo, incerteza e dor. O ano de 2021
começa sem aquelas multidões lotando os espaços públicos para desejar um feliz
ano novo. A pandemia da Covid-19 desfez sonhos, fez chorar e obrigou a refazer
caminhos e planejamentos. O que esperar do ano de 2021 e, principalmente, o que
fazer para ele seja um tempo de reconstrução e reencontro? Que tal refletir
sobre isso ao som de “Alucinação”, segundo álbum de estúdio do cantor e
compositor cearense, o grande Belchior, lançado em 1976? Afinal de contas,
“tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro/ano passado eu morri, mas
esse ano eu não morro”. De fato, sou “apenas um rapaz latino-americano” que
pensa que “viver é melhor que sonhar”, mas que desespera, que anda mesmo
descontente, com o fato de perceber “que, apesar de termos feito tudo o que
fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. Porém, somos
jovens e sabemos “que o novo sempre vem” e “que uma nova mudança em breve vai
acontecer”, pois “o que há algum tempo era jovem novo hoje é antigo, e
precisamos todos rejuvenescer”. Agora atenção: a mudança só vem com
envolvimento e engajamento. Precisamos nos envolver com os problemas concretos
que afetam a vida das pessoas e da natureza; não permitir que o vírus da
indiferença se espalhe, tomando conta da mente e do coração das pessoas.
Lembrar sempre que “a minha alucinação é suportar o dia a dia e meu delírio é a
experiência com coisas reais”. Empatia para poder perceber que a “minha
história é talvez igual a tua”, pois “eu sou como você que me ouve agora”, e
sabedoria e unidade entre as forças progressistas e revolucionárias para que se
evite cantar vitória muito cedo, precipitando-se em levar “flores para a cova
do inimigo”, e, quando menos se espera, “fazer renascer um mal antigo”. O povo
é protagonista da sua própria história. É ele que “transforma o velho no novo”,
subvertendo as estruturas que causam opressão, injustiça e dor, escolhendo
“nunca fazer o que o mestre mandar”; sempre desobedecendo e nunca
reverenciando. Feliz Ano Novo e fica a dica!
Belchior também te deseja um feliz ano novo:
Quero
desejar, antes do fim
Pra mim e
os meus amigos
Muito
amor e tudo mais
Que
fiquem sempre jovens
E tenham
as mãos limpas
E
aprendam o delírio com coisas reais
Não tome
cuidado
Não tome
cuidado comigo
O canto
foi aprovado
E Deus é
seu amigo
Não tome
cuidado.
Não tome
cuidado comigo
Que eu
não sou perigoso
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