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Imagem/Nando Motta @desenhosdonando |
Diversos e Livres
Por Ivânia Freitas*
Em um
país de justiça e parlamentares sérios, Bolsonaro já teria pedido renúncia ou
sido afastado do cargo, ou melhor, não teria sido eleito para uma função
pública tão importante, visto suas posturas homofóbicas, racistas e de apologia
à ditadura militar (só para citar os fatos mais graves)!
Agora eis
a situação: “R$ 15 milhões em leite condensado, R$ 2.5 milhões em vinho somente
para o ministério da Defesa, R$ 1 milhão em alfafa e R$ 2.2 milhões em goma de
mascar”, revelou o portal Metrópoles
(https://www.metropoles.com/brasil/mais-de-r-18-bilhao-em-compras-carrinho-do-governo-federal-tem-de-sagu-a-chicletes),
a partir dos dados coletados no Painel de Compras atualizado pelo Ministério da
Economia. Um escândalo! Mas, sem dúvidas, não é um escândalo menor do que os
outros que este famigerado (des)governo vem produzindo desde que assumiu o
poder. Contudo, é um escândalo estarrecedor que denuncia o uso indevido do
dinheiro público, sobretudo, em um ano de pandemia em que milhões de
brasileiros foram impedidos de trabalhar e a política social, econômica e
sanitária do governo federal jogou, definitivamente, milhares de pessoas de
volta à sarjeta e levou mais de 200 mil à morte.
Vejamos
alguns dos valores assombrosos que aparecem no quadro demonstrativo de execução
financeira do executivo Federal com alimentação em 2020: R$ 5 milhões gastos em
fruta desidratada; R$ 6.810.263,16 em abóbora in natura; R$ 14.248.351,17 em
achocolatado; R$ 12.006.603,45 em adoçante; R$ 4.554.463,67 em água de coco; R$
15.937.612,64 em açúcar; R$ 4.445.479,04 em amendoim torrado; R$ 15.843.244,25
de azeite de oliva; R$ 1.770.951,32 em chantilly; R$ 20.495.017,69 em doces em
tablete; R$ 40.425.473,80 em frios; R$ 1.842.255,75 em geleia de mocotó; R$
1.032.856,43 em milho de pipoca; R$ 8.719.739,55 em pão de queijo; R$ 31.545.337,34
em refrigerante; R$ 12.692.355,14 em azeitona; R$ 45.588.412,36 em queijo; R$
1.240.866,58 em pizza; R$ 15.604.954,12 em requeijão; R$16.582.463,23 batata
frita embalada; R$ 13.939.435,86 em sorvete; E isso tudo é só uma parte dos
escandalosos valores que zombam com os milhares de trabalhadores que mal têm o
pão com café em casa e os incontáveis pedintes nas ruas. São os valores de um
país em decadência democrática, asfixiado pelo fundamentalismo religioso,
arruinado pelo negacionismo e profunda ausência de consciência de classe.
Enquanto
o dinheiro público é usado pela corte do governo federal para ostentar seus
estômagos e gostos de reis e rainhas; enquanto o alto clero se embriaga com os
caros vinhos que jorram na farra do “tira onda” com a cara do povo, Bolsonaro
cortou 68,9% dos recursos para importação de insumos para a pesquisa,
prejudicando as ações de combate à COVID-19 e outras pesquisas importantes que
estão em andamento em diversas instituições, levando o país para bem perto da
sepultura.
Pense
bem, se um funcionário público for pego em ambiente de trabalho, fazendo uso de
bebida alcoólica durante o serviço, ele pode responder a um processo
administrativo ou até ser demitido! Nos cartões alimentação não se pode comprar
bebida alcoólica, no entanto, foram “R$ 2.5 milhões em vinho somente para o
ministério da Defesa”! Bolsonaro cortou ainda, R$ 600,00, o auxílio emergencial
que alimentou milhões de brasileiros durante a pandemia e que evitou que o
comércio despencasse de vez, como já podemos ver nesse início de ano.
É
assustador pensar que no ano de 2020, um cilindro com 10 mil metros cúbicos de
oxigênio custava em Manaus, R$ 100,00. Imagina quantas vidas seriam poupadas se
ao invés de gastar R$ 20.495.017,69 em “tablete de doces” ou R$ 3.262.405,02 em
“caldas de doce para cobertura”, o governo federal (responsável pelas políticas
de saúde) tivesse destinado esse valor para a saúde pública nesse Estado?
Fico pensando como é possível aceitar que R$ 7.189.504,72 gastos em “bacon defumado” não signifiquem um horror, diante das vidas de bebês que foram perdidas em agonia nos hospitais? Como é possível aceitar que R$ 13.445.118,52 tenham sido gastos com “barras de cereal”, enquanto se cortam recursos de programas sociais como o Bolsa Família e não se tem seringas, soro e outros itens básicos fundamentais em milhares de unidades públicas de saúde no país?
Não é só um escândalo! O que vemos nos gastos do governo federal é um crime contra a vida, contra a democracia, contra o povo! Esse luxo, essa farra, pode até ser legalmente possível (já que quem faz as leis são os que dela se beneficiam sem o menor pudor), mas sem dúvidas, é imoral, indecente, inaceitável! Nessa lógica de privilégios, dá pra entender por que o governo federal prefere investir mais em leite condensado e vinho, do que em oxigênio. O projeto é, de fato, nos asfixiar!
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