![]() |
Imagem/Amazon |
A
filósofa e professora estadunidense Nancy Fraser é uma das mais importantes
pensadoras da teoria crítica na atualidade. É dela a dica de leitura da Aroeira
desta semana: “O velho está morrendo e o novo não pode nascer”, livro publicado
no Brasil pela editora Autonomia Literária. Recorrendo ao conceito de hegemonia
proposto pelo pensador marxista Antônio Gramsci, Fraser afirma que o mundo está
experimentando uma crise do bloco hegemônico neoliberal. Vivemos um momento de
interregno, no qual o velho (neoliberalismo) está morrendo, mas o novo (uma
alternativa a esse modelo sócio-político e econômico) ainda não se configurou.
Apesar da adesão de setores da esquerda às políticas neoliberais, constituindo
aquilo que a autora chama de “neoliberalismo progressista”, que articula, numa
mesma agenda, a política econômica excludente do neoliberalismo com políticas
de reconhecimento meritocráticas e de ocupação de espaços, várias pessoas e
grupos sociais, no mundo todo, vêm questionando a adoção dessas políticas pelos
governos devido ao aprofundamento das desigualdades sociais. Neste contexto,
propõe Fraser, a esquerda precisa “romper definitivamente tanto com a economia
neoliberal quanto com as várias políticas de reconhecimento que ultimamente a
apoiaram – rejeitando não apenas o etno-nacionalismo excludente, mas o
individualismo liberal-meritocrático. Somente unindo uma política fortemente
igualitária de distribuição a uma política de reconhecimento substancialmente
inclusiva, sensível à classe, é que podemos construir um bloco
contra-hegemônico capaz de nos levar além da crise atual, na direção de um
mundo melhor”. Importante ressaltar que Nancy Fraser defende a organização de
um bloco populista de esquerda a fim de barrar o avanço do bloco populista de
direita, cujo discurso também questiona os fundamentos do neoliberalismo, ao
mesmo tempo em que se opõe às políticas de reconhecimento. Fica a dica!
0 Comments
Postar um comentário