Imagem/@desenhosdonando

Diversos e Livres

Por Ivânia Freitas*

Realmente, para algumas pessoas, falta o básico, respeito por si mesmo, pela profissão que se formou e pelas pessoas a quem essa profissão alcança.

Quando um médico aceita ser ministro da saúde e cede seu lugar de conhecimento para seguir ordens de um presidente que nega a ciência e não tem direção assertiva em nenhuma de suas ações, não temos apenas uma situação vexatória para toda a nação, mas uma tragédia social anunciada.

A questão que não quer calar é: para que armar o circo de retirada de um ministro que já era seu serviçal, se a intenção era colocar outro do mesmo naipe?

A maior “desgraça” dessa afirmação do ministro não é seu lugar rebaixado de profissional de quinta que ele declarou ser, mas o que ele anuncia logo em seguida: sua missão é dar “continuidade” ao que o ex-ministro Pazuello vinha fazendo. E é aí que mora o problema. Pazuello vinha seguindo a política de Bolsonaro e foi ela, justamente ela, que noz fez chegar ao dia de hoje com números cada vez mais próximos de 300 mil mortes.

Foi a política de Bolsonaro que incentivou as aglomerações, o não uso de máscara, que vem negando a ciência e impondo uso de cloroquina e outros medicamentos não recomendados para a COVID-19 e que se negou, ainda, a reconhecer a gravidade da pandemia, atrapalhando governos estaduais e municipais que tentaram a todo custo conter o caos.

Foi a política de Bolsonaro que não permitiu a compra de vacinas por governadores, que fez da ANVISA um órgão incompetente e que não priorizou a aquisição do único imunizante que pode salvar milhões de vidas - a vacina. A política de Bolsonaro não é de saúde, é de mentiras, de estímulo ao ódio, de adoração às armas e ao dinheiro, de abandono dos profissionais e do Sistema Único de Saúde, o SUS.

Essa é a política em curso, a política que o novo ministro quer dar continuidade e assegurar ações que a consolidem. É ela que tem feito do Brasil a chacota do mundo. É ela que tem estimulado a desesperança, a ausência de horizonte, a falta de perspectivas de futuro.

O tal ministro, que nem vale a pena dizer o nome, anunciou em uma das suas primeiras falas que chegou para ajudar o Brasil pois, segundo ele, o presidente estava muito preocupado com a situação. Mas, é óbvio que não está. Afinal, ele criou o cenário de devastação que o país vive hoje e segue tirando onda com as mortes e a dor das famílias, a qual ele chama de mimimi. Ele é o caos. Mas, no meio disso tudo, o ministro apequenado na sua irrelevante função de executor de tarefas diz uma verdade, a maior delas: a política é de Bolsonaro e nós temos que lembrar muito bem dessa frase quando olharmos para as estatísticas de contaminação diária, de mortes em larga escala e do colapso do sistema de saúde: a política de quase 300 mil mortes é a política de Bolsonaro! 



* Doutora em Educação e Professora da UNEB - Campus VII.