Diversos e Livres

Por Ivânia Freitas*

Com mais de meio milhão de mortos, diante da indiferença, irresponsabilidade do governo federal e da inversão dos valores humanos propagada pelo bolsonarismo, a esperança luta para sobreviver!

Estamos em guerra! Vidas foram encerradas, outras tantas partidas ao meio. A pandemia mais assustadora que a humanidade já enfrentou é tratada pelo cargo mais importante da nação como um jogo de quem manda mais, de quem pode mais, de quem ignora mais!

É assustadoramente trágico que a postura do presidente da república com sua indiferença estúpida, seja aplaudida por grupos religiosos, homens e mulheres que se dizem cristãos! Sob quais princípios vivem essas pessoas? Como podem se olhar no espelho? Como ainda se juntam em seus templos com a bíblia e recitam versículos, se suas mentes e corpos já foram corrompidos pelo que há de mais cruel, o egoísmo e a indiferença?

A falta de empatia e a crueldade com a vida da população não são apenas revoltantes, elas se constituem um crime e nós, povo brasileiro, aguardamos que a justiça dos homens se faça firme e puna, sem clemência, os culpados!

Aos que se dizem cristão, mas que tem foco apenas em seus bolsos cheios de dinheiro e cultivam o ego, lhes cabe saber que “é dando que se recebe” e, certamente, haverá o dia de prestar-se conta de cada ação cometida, palavra dita e não dita. Não tenho dúvidas de que toda escolha tem consequência e, se o plantio é de livre escolha, colher os frutos dessa liberdade é uma condição obrigatória.

Sim, o véu de maldade cobre o mundo e tenta arrancar de nós a aposta que tudo passará. No entanto, os que ainda não se perderam de si, resistem com firmeza e, em mutirão, se põem a cavar, ao lado dos escombros dos túmulos dos mais de 500 mil mortos, o sal da humanidade, para com ele alimentar a pequena esperança que insiste em se manter viva em nossos corações estraçalhados pela dor, pela frieza e incerteza desses dias sem sol.

Deixo aqui, em meio às cinzas do horror e da sede de justiça, a canção de Nelson Cavaquinho, Juízo Final (1973).

O sol há de brilhar mais uma vez

A luz há de chegar aos corações

Do mal será queimada a semente

E o amor será eterno novamente

É o juízo final

A história do bem e do mal

Quero ter olhos pra ver

A maldade desaparecer

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rgcTGJQNNe8



* Doutora em Educação e Professora da UNEB - Campus VII.