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Da Redação

Por Herbet Fabiano

Kathlen Romeu, Janaína Santos, Viviane Cristina, Maria Célia, Ágatha Félix, João Pedro, Amarildo de Souza, Railan Santos, Viviana Soares, Maria Célia de Santana, João Alberto... Complexo de Lins, Jacarezinho, Complexo do Alemão, Cabula, Curuzu... São muitos nomes, de diferentes idades, sonhos e dificuldades. Todos “casos isolados”.

Agora, um convite a um rápido exercício: IMAGINE A DOR, ADIVINHE A COR.

Assistimos anestesiados ao fracasso da política de segurança pública que diariamente nos apresenta inúmeras vidas interrompidas, famílias destruídas e histórias tragicamente encerradas como resultado de um projeto de poder que domina a sociedade brasileira e assustadoramente estabelece parâmetros de aceitação e ponderações para o que é inaceitável e imponderável.

A população negra ainda enfrenta mazelas históricas. Dados do Atlas da Violência 2020, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontam que a violência, em especial a violência policial, é maior contra a população negra.

O estudo mostra que os jovens negros são as principais vítimas de homicídios no país e que as taxas de mortes de negros apresentam crescimento acentuado ao longo dos anos.

Em 2018, 75,7% das vítimas de homicídios eram negras (soma de pretos e pardos), uma taxa de homicídios de 37,8 a cada 100 mil habitantes. Entre os não negros (soma de brancos, amarelos e indígenas) a taxa naquele ano foi de 13,9 a cada 100 mil habitantes.

A desigualdade segue sendo o problema principal a ser enfrentado no nosso país.

A última pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em novembro de 2019, apresenta a renda média de trabalhadores brancos 73,9% superior à da população preta ou parda em 2018.

Naquele mesmo ano, os pretos e pardos representaram 64,2% da população sem emprego no Brasil. Atualmente, com o desemprego batendo recordes, as famílias negras são as que mais sofrem. E como sofrem!

Kathlen de Oliveira Romeu, 24 anos, modelo e designer de interiores, alegre, cheia de sonhos e carregando a esperança de uma gravidez de 14 semanas daquele que seria seu primeiro filho.

No país onde os números mostram que balas perdidas sempre encontram corpos negros, a morte de Katheln não é um caso isolado.

Elza Soares canta no álbum Planeta Fome:

Não tem bala perdida, tem seu nome, é bala autografada...