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A dica de leitura da Aroira desta segunda-feira é a tese de livre-docência, “Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais” de Axel Honneth. Nela, o autor afirma que a gramática dos conflitos sociais é a luta por reconhecimento intersubjetivo. Articulando os escritos de Hegel do período de Jena com a psicologia social de G.H. Mead, Honneth estrutura sua teoria da luta por reconhecimento intersubjetivo, mostrando que são os conflitos sociais que as provocam. Esses conflitos são uma resposta negativa e incoformada dos indivíduos e dos grupos sociais às três formas de desrespeito às normas sociais que sustentam o reconhecimento. O objetivo aqui consiste em restabeler essas normas ou criar novas, capazes de ordenar, institucional e culturalmente, “formas ampliadas de reconhecimento recíproco, aquilo por meio do qual vem a se realizar a transformação normativamente gerida das sociedades” (HONNETH, 2009, p. 156).

Diz Honneth: “às três formas de reconhecimento [amor, direito e estima] correspondem três tipos de desrespeito [violação, privação de direitos e degradação], cuja experiência pode influir no surgimento de conflitos sociais na qualidade de motivo da ação. [Dessa forma], delineia-se assim a ideia de uma teoria crítica da sociedade na qual os processos de mudança social devem ser explicados com referências às pretensões normativas estruturalmente inscritas na relação de reconhecimento recíproco (HONNETH, 2009, p. 24).

A socialização dos indivíduos e a formação de suas identidades é um processo no qual buscam o reconhecimento de sua condição de sujeitos autorrealizados. Quando o reconhecimento é bem-sucedido na esfera familiar, ele adquire a forma do amor e o sujeito se sente autoconfiante; quando o reconhecimento acontece no espaço público, na esfera da sociedade civil, ele assume a forma de direito e o sujeito se sente autorrespeitado; por fim, quando o reconhecimento é assegurado pelo Estado, ao reconhecer as capacidades e habilidades dos indivíduos, ele adquire a forma de solidariedade e os indivíduos se sentem autoestimados.

Livro denso, de leitura bastante exigente e fundamental para a compreensão das lutas sociais por emancipação. Fica a dica!