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Imagem/SSB |
Por Ivânia Freitas*
Não temos
controle do tempo
Tampouco
sabemos lidar com suas faces e fases
O tempo
está na memória
No
contorno do rosto
na pele
que vai mudando de textura, dia após dia
O tempo
está na oportunidade perdida
Naquilo
que não se pode voltar ou antecipar
No
primeiro beijo
No último
adeus
Alguns
esperam o tempo passar
Sentam,
choram, pedem, aguardam
Apostam
no tempo para resolver o problema
Para
mudar uma situação
Para
curar a dor
Para
trazer o amor
Outros
fazem do tempo passado e futuro
Fonte de
esperança
Não
esperam, caminham
Avançam
em direção ao horizonte
Ainda
que, sem a menor certeza de que o atingirão
Não
sentam para esperar, não ficam a aguardar
Embora
sempre pausem para um breve descanso
Logo
recomeçam a caminhar
Com olhos
adiante
Com uma
certeza sem explicação
Sem
lógica, sem métrica
Uns
apostam no tempo como solução
Outros o
veem como construção
Entre o
tempo da espera e o tempo da esperança
Há
distâncias e aproximações?
Quem
espera, um dia alcança?
Quem
espera, cansa?
Quem
espera aguarda a estrada para caminhar
Quem tem
esperança
caminha
para criar a estrada por onde ele e outros irão passar
O tempo
da espera é doído, provoca ânsia, asfixia, arritmia
O tempo
da esperança é combustível
Move,
remove, junta, estimula e altera
Na espera
pelo que não vem ou pelo que virá
O tempo é
prisão, solitária, desanimadora
Na
esperança do tempo que se está a semear
O tempo é
mutirão, alegria, comunhão
Empreitada
sem fronteiras
De andarilhos da criação
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