Imagem: Paula Froes/Govba - 12.mai.2020

Por Matheus Rodrigues*

Em entrevista no último dia 14, no Jornal da Manhã, na TV Bahia, Rui Costa destacou dois critérios para o retorno às aulas presenciais:

a) a redução da taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado.

b) a diminuição do número ativos de contaminados por dia.

A taxa de ocupação dos leitos hoje na Bahia está em torno de 62%. Em algumas locais, como na região nordeste, estão com 100% de ocupação.

Há outros quatro agravantes que o governador desconsidera:

a) o número de mortes diárias, nos últimos sete dias em média 68 baianos morreram por covid-19. Detalhe: essa média é maior do que todo o ano passado;

b) o número de vacinados pela segunda dose é de somente 14%, correspondente a toda a população baiana. A maioria dos profissionais de educação sequer tomaram a primeira dose.

c) uma variante chamada Delta - a indiana, que já chegou ao Brasil -, tem mais potencial de transmissão e uma única dose é ineficaz;

d) as escolas públicas e a maioria das privadas não têm infraestrutura para minimamente se adequar ao ensino híbrido.

O governador Rui Costa desconsidera todas as orientações científicas e dos especialistas. Pior, tratora qualquer diálogo com os profissionais de educação e a população baiana.

Dois fatores se associam para essa tomada de decisão pelo governador e seu secretário de educação, Jerônimo Rodrigues. São eles:

1. Recebem pressão dos grandes empresários da educação da privada e estão cedendo, pois esses empresários tiveram seus lucros reduzidos na pandemia e querem o retorno imediato às salas de aula para “recuperar” os alunos e garantir o lucro.

2. O Rui Costa é um autocrata quando se trata de resolver os problemas da burguesia na Bahia. Em diversos momentos foi autoritário com os trabalhadores e a população pobre. Muitas pessoas assemelham seu perfil ao do presidente Bolsonaro, com um “jeitão” autoritário.

Convém sempre lembrar: em fevereiro do ano passado, Rui Costa deu aval à polícia para bater em trabalhadores que manifestavam contra a sua Reforma da Previdência que aumentava a contribuição de quem não tem reposição salarial há anos.

Em 2015, comemorou uma chacina no Cabula, uma operação policial que executou doze jovens desarmados. “É como um artilheiro em frente ao gol”, disse na ocasião o governador.

O que é a vida da população baiana em comparação ao lucro dos empresários com investimentos na Bahia?

Essa ação tem nome: GENOCÍDIO.


* Professor de Sociologia, História e Filosofia.


Esse texto não reflete necessariamente a opinião de Aroeira Comunica.