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Imagem/@contemplefotografia |
Por Ivânia Freitas*
Quem já
perdeu alguém que ama sabe bem o que são dias de saudade.
São dias
que parecem vazios de tudo. São dias em que o coração insiste em ficar pequeno
demais para caber no peito.
Quando a
saudade tem o nome de mãe, parece que ela vira um abismo sem fim.
Se caímos
neste abismo, a possibilidade de sucumbir na dor e desespero é iminente.
Mas, o
nome mãe, quando partido pela separação-vida-morte, embora prenhe de um vazio
imensurável que atravessa o peito feito navalha, é forte o suficiente para nos
resgatar da dor e nos recolocar de pé.
A
sensação cortante da faca chamada saudade não resiste aos ensinamentos de toda
uma vida de palavras e atos generosos.
Junto com
o soluço que se avoluma no meio da garganta, o coração se aquieta como se
ouvisse um sussurro: “seja forte, estou aqui”.
E, com
olhos marejados de lembranças, de repente brota um sorriso tímido no canto da boca
úmida do sal das lágrimas.
A Mãe, a
parte dela que ficou em mim, renasce em orações de agradecimento pelo tempo
vivido e sinto que ela sorri em mim.
A
lembrança de seus olhos suaves e gratos e das palavras cheias de fé e
sabedoria, agem como motor permanentemente ligado que mantém vívido o amor incondicional e imensurável
que nos uniu para além da vida e da separação desse fim e início de ciclo.
A dor que
bloqueia as palavras, logo se transforma em gratidão que, vestida de esperança,
sabe que um dia, de algum modo, nós estaremos nos abraçando em um feliz
reencontro.
Saudade
faz dias vazios, mas não me deixa de ombros pesados. Mãe é palavra leve que me faz flutuar por
sobre o abismo que a separação pode nos levar a cair.
A saudade
é inevitável. O sofrimento é opção. Eu, filha da alegria, tenho o compromisso
de transpor os tempos vazios e seguir adiante com resignação, coragem e
determinação.
Só assim,
ela que em mim habita, permanecerá viva e feliz todos os dias.
Saudade,
gratidão e fé!
“Deus nos
dá pessoas e coisas
para
aprendermos a alegria...
Depois,
retoma coisas e pessoas
para ver
se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a
alegria que ele quer”
(Guimarães
Rosa)
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