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Semana passada o atual ministro da educação, Milton Ribeiro, disse em entrevista para a Tv Brasil que a “universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade” e que o futuro terá como protagonista os Institutos Federais, porque eles formam técnicos. É bom lembrar que o primeiro ministro da educação de Bolsonaro dizia a mesma coisa. Em 2019, Ricardo Vélez Rodriguez afirmou que universidade “não é para todos”, mas “somente para algumas pessoas”. “As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”, concluiu. 

Essas falas podem, num primeiro momento, revelar o descaso para com a educação. Nem tanto. O que o ministro da educação defende é, na verdade, um modelo de educação para atender a lógica do mercado. Em outras palavras, a educação neoliberal, cujo objetivo é tão somente o de aprimorar o “capital humano” dos estudantes, fornecendo-lhes, por meio do ensino dos “saberes úteis”, as competências necessárias, que o mercado exige. Assim, a educação deixa de ser um direito e passa a ser um serviço, ofertado pelas escolas.

Ademais, a educação neoliberal é uma estratégia para melhor realizar a administração da chamada “questão social”. Para os neoliberais, os pobres são uma ameaça à estabilidade do sistema, mas também um ativo à disposição, que precisa ser mais bem aproveitado. Para isso, ele precisa ter acesso a um tipo de conhecimento útil, que lhe garanta algum tipo de emprego, acomodando-se ao sistema.

A dica de leitura da Aroeira para esta semana é o livro de Christian Laval, “A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público”. Laval afirma que “a escola neoliberal é a designação de certo modelo escolar que considera a educação um bem essencialmente privado, cujo valor é acima de tudo econômico”. Ainda segundo ele, se antes a escola “tinha como centro de gravidade não só o valor profissional, mas também o valor social, cultural e político do saber, hoje é orientada, pelas reformas em curso, para propósitos de competitividade prevalecentes na economia globalizada”. Fica a dica!