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Imagem/@desenhosdonando |
Por Ivânia Freitas*
É triste dizer "bem que avisei", mas é
fundamental lembrar o quanto gritamos que o impeachment de Dilma era golpe na
democracia e que eleger Bolsonaro nos levaria ao flerte com o fascismo. Pois
bem, ao contrário do que esbravejavam os direitistas (desavisados do perigo),
os 13 anos do PT no governo federal não tornaram o país uma ditadura, pelo
contrário, a democracia nunca foi tão forte! Contudo, não podemos dizer o mesmo
do sonho bolsonarista.
Na terça-feira, Bolsonaro saiu dos trilhos de vez e
mostra, claramente, que tem seguidores iguais a ele, capazes de fazer qualquer
absurdo para sustentá-lo no poder que ele assumiu pelas vias democráticas e
quer se manter pela saída autocrática.
No dia da “independência”, os milhares que se
juntaram com frases anticonstitucionais pelas ruas do país mostraram a força da
elite em capturar mentes e como a tal classe média brasileira (que não se
assume classe trabalhadora) se dispõe a fazer o trabalho sujo em defesa das
ideias dominantes (para que possam continuar a cultivar a ilusão de que fazem
parte desse seleto grupo).
Momentos como o do último dia 7 são o ápice da dita
classe média que sonha com Miami. Nessa hora (e apenas nessa hora), em meio ao
aroma dos perfumes franceses, quando a elite disfarça a cara de nojo para as
bolsas e camisas “piratas” que caminham lado a lado com seus acessórios de
grife, a classe média sorri feliz! Reproduzindo o mesmo comportamento que finge
não ver, se “junta” em gritos eufóricos com os mais pobres que, mesmo passando
fome, compram o discurso dos aspirantes a ditadores e vão atrás do berrante
chamador de gado, como se estivessem na pipoca do carnaval de Salvador.
Olhando as imagens da ampla multidão, facilmente se
vê as elites (e os que pensam que são) aglomeradas em restaurantes caros de
onde apreciam felizes a boiada passar. Nesse momento, devem comemoram o sucesso
de sua investida em adestrar vassalos. De outro lado, os admiradores da
burguesia (cegos pela viseira e sem máscara) se lambuzam de cachorro quente e
todo tipo de comida pronta que os ambulantes vendem à multidão fanática. Ao
menos para os ambulantes (que também estão de verde-amarelo), o dia foi bom,
eles conseguiram fazer o dinheiro para comprar o gás do mês (e nada mais)!
Pais e mães levaram seus filhos com faixas contra a
corrupção e andaram de mãos dadas com o Queiroz (o das rachadinhas), que virou
o novo galã da nação verde-amarela e fazia selfies com os súditos do rei (do
gado). Era um mar de felicidade e muita “oração” presente no discurso de ódio
do presidente do “Deus acima de tudo”.
Bolsonaro não falou muito tempo (sua inteligência
não é para tanto) mas, o pouco que falou não tocou no assunto das quase
seiscentas mil pessoas mortas pela falta da vacina com a qual ele planejava
juntar fortuna para manter outras mansões como as que seus filhotes
recentemente adquiriram. Também não falou do preço dos alimentos que não chegam
mais à mesa dos brasileiros que voltaram para a linha da pobreza e da extrema miséria.
Ele não apontou uma única saída para dar esperança aos milhões de desempregados
que tentam sobreviver com o falso sonho do empreendedorismo que não passa de
fachada. Ele só falou em direção oposta à Constituição e isso foi o mais
relevante!
Mas, a boiada estava viva, saltitante, chegava aos
montes nas caravanas patrocinadas... por quem? Ah! Lembrei, por figuras como o
“véio da Havan”, os “pop do agro” e pelas milícias que estão agradecidas pela
flexibilização do acesso às armas e pelo comercial que o presidente fez
recentemente de que “fuzil é mais importante do que feijão”!
As ruas estavam cheias de gente pronta para
defender a continuidade do caos e, vale ressaltar, uma gente obcecada pelo
desejo de vingar-se de..., do quê(?). Bom, entre tantos absurdos contra o
Supremo, a favor do voto impresso, pedido de intervenção militar e outras
loucuras mais, eu não sei a quem esse ódio estaria mesmo direcionado. Até um
dia desses eu achava que era só contra o PT, contra Lula, especialmente, mas
cheguei à conclusão de que o ódio é mesmo contra o que Lula representa.
Lula representa a classe trabalhadora, representa o
povo brasileiro que sua todos os dias nas fábricas e campos desse país. A
ascensão BEM SUCEDIDA ao poder de um homem desses é o que mais faz a elite
tremer. Lula, um homem do povo eleito presidente, é para o Brasil e para o
mundo dois exemplos de possibilidades: 1) de que o povo pode ocupar os espaços
de poder e fazê-los seguir em seu favor. 2) entre direita, esquerda e extrema
direita, há muitas diferenças e elas podem ser sentidas na pele, por cada um e
cada uma, a partir das escolhas feitas através do voto.
Na última terça-feira, vimos o “Deus” (acima de tudo) e o diabo (no
ódio cuspido pelo presidente) no mesmo lugar, na mesma fileira, numa mistura
assustadora de insanidade e crime contra a democracia! Não pude deixar de
pensar na Alemanha Nazista e entendi como um simples homem com caráter ruim
pode virar um monstro perigoso cultuado por tantos que se dizem “do bem” e de
“Deus”.
Os seguidores de Bolsonaro devem guardar essa
vergonha para o resto da vida. Torço para que suas imagens apareçam nos livros
de história de seus netos e que estes se escondam debaixo da carteira da escola
quando se depararem com a cena livresca e real.
O mundo precisa saber, no entanto, que esse bando
que foi para as ruas para derrubar o estado de direito, não representa nem
metade da população brasileira, portanto, deve ser vaiado e deixado de lado.
Entretanto, o presidente e todos os demais, pagos pelo dinheiro público,
ocupantes de cargo do executivo e do legislativo que estavam ali presentes,
devem pagar pelo crime contra a Constituição para que possamos voltar a andar
pelas ruas de cabeça erguida como uma nação digna.
Os poderes instituídos para tal fim nos devem isso!
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