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“Não
basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Ou seja, o racismo é
estrutural; assim, é preciso e urgente empreender uma ação política de caráter
coletivo que seja capaz de subverter e superar as estruturas objetivas e
subjetivas que produzem e reproduzem as formas do racismo.
Conhecer
a história do movimento da negritude é fundamental para organização da luta
política emancipatória de recorte racial. Por isso, a Aroeira traz como dica de
leitura para esta semana o artigo “Movimento da negritude: uma breve reconstrução histórica” escrito pelo professor de História Petrônio José
Domingues. O objetivo do texto é “traçar uma breve reconstrução histórica do
movimento da negritude, apresentando alguns de seus dilemas, seu reflexo no
interior do movimento negro internacional e de que maneira foi introduzido no
Brasil”.
A
negritude foi idealizada fora da África, sendo que sua sistematização ocorreu
na França, expandindo-se, em seguida, por toda a África e pelo continente
americano. Inicialmente, o aspecto que caracterizou esse movimento foi
basicamente de ordem cultural, marcado pela valorização dos símbolos culturais
de origem negra. No entanto, a negritude possui também um aspecto político,
pois serve de subsídio para a organização dos movimentos negros, e ideológico,
uma vez que pode ser entendido como o processo de aquisição da consciência
racial.
O
principal argumento de Petrônio José Domingues é que “o movimento da negritude,
na fase inicial, cumpriu um papel revolucionário, rompendo com os valores da
cultura eurocêntrica. No entanto, na medida em que se ampliou e adquiriu uma
conotação mais política, diluiu seu potencial transformador”. Assim, para ele,
“na medida em a negritude se esgota na tarefa de despertar uma consciência
racial, ou seja, na preocupação de responder estritamente às contradições
raciais, fazendo o negro reconhecer-se e identificar-se simplesmente pela cor
da pele, deixa-o alienado das demais contradições que se operam na sociedade:
exploração de classe, machismo, homofobia, etc. Assim, a negritude tem um
conteúdo mais subversivo quando a afirmação dos valores negros não exclui o
combate ideológico pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária em
todas as esferas da vida. A consciência negra pode estar no bojo da luta contra
todas as formas de opressão. Em outras palavras, a identidade negra pode estar
combinada com a reivindicação das outras dimensões da identidade, como a
nacionalidade, a sexualidade, a classe social; afinal, ser negro não anula as
outras construções identitárias, como ser brasileiro, mulher, gay, operário ou
trabalhador rural”.
Texto que
se insere no debate sobre a luta social interseccional contra às várias formas
de opressão e injustiça. Fica a dica!
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