Imagem/O arquivo da FICA

No último dia 20 de novembro, dia nacional da consciência negra, o grupo de capoeira de Remanso “Garras da Fé” do Mestre Macarrão promoveu um evento que debateu sobre a capoeira como lugar de resistência. No encontro, os/as capoeiras participaram também de oficinas de formação. Foi um dia de vivência no qual o tema central foi “O resgate diário da nossa identidade: capoeira, filosofia que educa”.

Nesse sentido, a Aroeira indica a leitura do livro “Capoeira, identidade e gênero: ensaios sobre a história social da Capoeira no Brasil” dos historiadores Josivaldo Pires de Oliveira e Luiz Augusto Pinheiro Leal. A obra está dividida em três partes: Capoeira, História e Identidade; Personagens da Capoeira na Literatura Brasileira e Gênero, Cultura e Capoeiragem. 

O livro analisa o lugar que a capoeira ocupa no processo de construção da nacionalidade e da identidade brasileiras. Destaca que, se após a proclamação da República, essa prática cultural foi criminalizada, com o advento do Estado Novo getulista, ela foi resgatada como símbolo da cultura nacional, assim como o carnaval e o futebol. Nesse momento, o Brasil era apresentado como um país que se orgulhava da sua mestiçagem.

Ademais, ao leitor/a é apesentado alguns personagens bastante ilustres da marginalidade paraense: Pé-de-Bola, Lourenço e Cabralzinho. Seriam eles heróis, oportunistas, ou tudo isso junto na sua complexidade?

Por fim, a última parte do livro é uma contribuição sobre a história das mulheres no Brasil, em especial a história das mulheres na capoeira. Espaço ocupado majoritariamente por homens valentões e destemidos, atitudes associadas à dimensão masculina, as mulheres, nas primeiras décadas do século XX, já praticavam a capoeiragem, como, por exemplo, a capoeira Salomé. Mas pasmem, existem indícios da presença delas nessa dança/luta já no século XIX.

Livro fundamental para a ampliação da nossa compreensão sobre a capoeira como lugar de resistência. Fica a dica!