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Desde os primórdios do cristianismo, muito se disse sobre a infância e a adolescência de Jesus. Evidentemente que a maioria desses relatos não se encontra nos textos canônicos (evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João), mas nos textos apócrifos, que são aqueles que não entraram na lista oficial, canônica.

O frei Jacir de Freitas Faria traz um compilado desses textos no livro “Infância Apócrifa do Menino Jesus: histórias de ternura e de travessuras”, a dica de leitura da Aroeira para esta semana.

Segundo o autor, os apócrifos são “vozes alternativas, complementares ou aberrantes em relação ao cristianismo que se tornou hegemônico, legitimando a literatura canônica, a oficial, isto é, selecionada ao longo dos séculos”. Com relação aos textos sobre a infância de Jesus, o objetivo deles foi responder as curiosidades sobre esta fase da história de Jesus e reafirmar sua humanidade e divindade em um tempo no qual muitos dogmas cristãos, a exemplo da santíssima trindade, já tinham sido declarados.

“Os apócrifos da infância não são muitos, mas tiveram um papel importante na trajetória do cristianismo que se tornou hegemônico, seja complementando-o, seja apresentando histórias aberrantes em torno do Menino Jesus. A maioria dos apócrifos da infância é aberrante. Na verdade, todos eles convergem para um mesmo ponto, demonstrar o poder do Menino Jesus, sua divindade e sua humanidade”.

Ao lê-los, o (a) leitor (a) se deparam com textos que mostram um Menino Jesus lindíssimo e igual as demais crianças, que gosta de brincar e rir, sempre obediente a seus pais e que é uma espécie de farol luminoso para sua família. É um menino com os mesmos poderes do Jesus adulto, que inclusive os utiliza, malvadamente, para matar algumas pessoas que o contraria ou o desafia. Por fim, o Menino Jesus é uma pessoa muito inteligente que não precisou frequentar a escola, porque lá era ele que ensinava os professores, e conhecedor de sua origem divina.

Nesta terceira semana do Advento, que na tradição católica é a semana da alegria, cabe ler o hino de louvor a Deus da Mãe Maria, após dar à luz a seu filho Jesus:

“Te amo e dou graças a Deus por ter-te comigo. Não foi fácil e passei muito medo. Porém, agora, que estás aqui, dou tudo por bem feito. Quase diria, meu pequeno, que não me importaria que não ocorresse nada do que anunciou o anjo. Nunca sonhei com grandezas que possam superar minha capacidade, nem aspirarei ser respeitada e admirada. Agora, transformada na mãe do Messias, tudo parece estranho. Que Messias és tu, que nasceste num abrigo de ovelhas, que tens por admiradores uma vaca e um burrico e por dois humildes aldeões? Onde está o teu poder, onde está a tua grandeza? E, sem dúvida, não me sinto decepcionada. Tu vales mais do que tudo que obter de ti, e isto eu sei, porque sou tua mãe e oxalá que todos aprendam o mesmo quando cresceres e possa cumprir a missão que objetivou o teu nascimento. Tomara que os homens te queiram pelo que possas dar, pelo que representas, por tua mensagem, por tuas vitórias ou, quem sabe, por teus milagres. Eu, querido menino, muito te amarei. Não que não me importe o resto, pois seria desmerecer os planos de Deus, porém, entende-me, eu sou tua mãe, e neste peito poderás encontrar sempre amor puro, amor a ti e não só algo que possas trazer contigo. Tu és um presente, tu és não só algo que possas trazer contigo. Tu és um presente, tu és um tesouro e, se nada mais houvesse, para mim já seria o bastante”. Fica a dica!