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Diversos e Livres

Por Ivânia Freitas*

Inicio os Diversos e Livres 2022 com uma reflexão sobre a retomada do ano letivo nas escolas, em especial, porque neste momento, muitos municípios fazem jornadas pedagógicas, no intuito de abrirem as atividades do ano.

Neste sentido, faço um chamado aos professores/as para que aproveitem o referido momento em suas redes e ampliem o debate sobre os temas concretos da realidade escolar, que precisam ser dialogados, especialmente, depois desses dois anos de afastamento da sala de aula, quando tivemos que dar continuidade ao processo educativo de nossas crianças, jovens e adultos, no formato remoto.

Quando os estudantes voltarem às salas de aula, teremos a real dimensão das lacunas que esse afastamento causou e elas são graves, especialmente para aqueles e aquelas, estudantes das áreas rurais e periféricas (na sua maioria), que sequer tiveram direito de acessarem os meios digitais para melhor diálogo com os professores e professoras.

Todos nós da educação (ou ao menos a maioria) sabemos que os desafios que temos pela frente não são pequenos. Teremos de pensar em como estruturar novas formas de organizar o trabalho pedagógico, nas escolas, de modo que possamos construir meios para preencher os vazios que nos serão expostos nas diagnoses a serem feitas neste retorno, de modo que a realidade educacional não fique mascarada e inalterada.

Vamos precisar de muita organização, muito trabalho coletivo e compromisso com a formação dos nossos estudantes para que possam ser asseguradas as condições reais de intervenção nos problemas graves que o afastamento da escola trouxe para suas vidas.

Nossa tarefa na educação nunca foi fácil e no atual contexto de cortes drásticos nos recursos e de tentativa de reduzir a qualidade da educação às estatísticas e à responsabilização exclusiva dos professores/as, essa tarefa é maior ainda, ela requer coragem e muita luta organizada.

Portanto, esperamos que este momento de retorno através das jornadas pedagógicas, seja de oportunidades para pensar as situações concretas que as escolas vão enfrentar desse ponto da história em diante. Isso significa que os professores/as devem exigir que as questões complexas que se avolumaram na educação com a situação de pandemia, sejam tratadas com a seriedade que merecem e com a participação de todo o coletivo docente.

É fundamental que recusemos que as jornadas, momentos tão importantes para o coletivo, se percam em temas fantasiosos que ignoram as problemáticas reais que as escolas e a docência enfrentam e enfrentarão. Vamos requalificar as jornadas pedagógicas, tirá-las da dimensão do entretenimento e recolocá-la como espaço formativo e de planejamento coletivo.

Por fim, faço votos de que este ano seja de reconstrução da educação e que os diálogos das tantas jornadas que ocorrem nesse período, rendam planos de ação pautados na realidade das demandas das escolas, considerando sobretudo, que esta realidade é desigual e as ações a serem programadas exigem olhar cada escola na sua especificidade.



* Doutora em Educação e Professora da UNEB - Campus VII.