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A origem da palavra idiota remente ao termo grego idhios. Em Atenas, o idiota era um indivíduo que escolhia não participar da vida pública (bios). Ele abdicava das discussões públicas porque sua preocupação era apenas com sua vida particular (zoé). Portanto, o idiota era, para os gregos antigos, um marginal. “Era o ateniense que olhava e cuidava de si em oposição ao cidadão grego, sempre integrado e dedicado às questões da cidade-estado”. Enquanto o cidadão era um animal político, o idiota era apenas um animal.

O escritor Humberto Eco certa vez afirmou que as mídias sociais deram voz a uma legião de imbecis. Ocorre que esses imbecis “empoderados” nas redes sociais são influencers, muitos de retumbante fama. Influenciam o debate público, concorrem a cargos públicos e vencem eleições. Ou seja, “antes marginalizado, o idiota agora se apossa com facilidade das estruturas de poder”.

De fato, o idiota de antes e o idiota de hoje são outsiders. O primeiro era considerado um indivíduo desqualificado porque não queria saber de política. O segundo, por sua vez, é superestimado porque nega e criminaliza a política. O que aproxima os dois, contudo, é sua vaidade em detrimento do coletivo. Aliás, para ele, conquistas coletivas que incluem o reconhecimento dos direitos das minorias historicamente injustiçadas são interpretadas como reais ameaças à harmonia social, pois promovem a política do “nós” contra “eles”.

Evidentemente que muita coisa precisou ser desaprendida para que os idiotas deixassem de ser reles sujeitos desprezíveis (como na Grécia antiga) para se tornarem líderes de uma legião de seguidores, o que acontece nos dias atuais. Nesse sentido, o Meteoro Brasil, que é “um projeto criado por um cara simples, Álvaro Borba, e uma mulher sábia, Ana Lesnovski, que se uniram em torno de um interesse em comum: a compreensão dos limites entre realidade e ficção, nem sempre bem definidos”, lançou, em 2019, o livro “Tudo o que você precisou desaprender para virar um idiota”, a dica de leitura da Aroeira desta semana.

Os capítulos do livro tratam de cada um dos temas que os idiotas brasileiros amam, como, por exemplo (a lista é grande!), globalismo, Foro de São Paulo, Gramsci, Paulo Freire, ideologia de gênero, marxismo cultural, Lei Rouanet, vacinas, direitos humanos, etc. O que articula todos esses temas é a existência de uma teoria da conspiração. Aqui, ficção e realidade se misturam. Fica a dica!