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Neste domingo, 27/03/22, em evento do PL, ato que lançou a pré-candidatura de Jair Bolsonaro à presidência, o atual presidente do Brasil, que tenta a reeleição, voltou a enaltecer o torturador, que segundo ele foi o pavor da presidenta Dilma Rousseff, Carlos Alberto Brilhante Ustra. Disse também que as eleições de 2022 serão uma luta entre o bem e o mal. Nas suas palavras: “o nosso inimigo não é externo, é interno. Não é uma luta da esquerda contra a direita, é uma luta do bem contra o mal. E nós vamos vencer essa luta. Porque estarei sempre na frente de vocês”.

A fala de Bolsonaro teve endereço certo: os eleitores religiosos conservadores, sobretudo os evangélicos. A lógica é: o Brasil e a vida dos “cidadãos de bem” estão em perigo, com suas famílias e valores sob ataque. E o inimigo a ser combatido vive entre eles, ocupando os espaços públicos e as instituições sociais. Bolsonaro coloca-se, então, como um líder pastoral, que anda à frente de suas ovelhas, conduzindo, orientando e sacrificando-se nesta guerra cultural.

O trecho desse discurso de Bolsonaro se fundamenta nos princípios da chamada teologia do domínio. De acordo com Angélica Tostes, no texto “Como a esquerda se comunicará com trabalhadores e trabalhadoras que buscam refúgio na religião?”, a dica de leitura da Aroeira para esta semana, teologia do domínio é a ideia segundo a qual “o cristão deve combater o ‘inimigo’ em todas as esferas, inclusive a pública, evangelizando e trazendo os valores cristãos para a sociedade. Uma ideia muito vinculada à ‘guerra espiritual’”.

A importância do texto de Tostes está no fato de que ela instiga as pessoas, partidos e movimentos de esquerda a criarem canais de diálogo com os evangélicos, pois eles são trabalhadores e trabalhadoras que colocam a religião como algo central em suas vidas. Ela mostra também que os evangélicos não formam um bloco homogêneo, como muitas vezes o senso comum sugere. Fica a dica!