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31 de março, no Brasil, é um dia para recordar para não repetir. Há cinquenta e oito anos atrás, o Alto Comando das Forças com o apoio de setores conservadores da sociedade civil deu um golpe de Estado, derrubando o até então presidente do país, João Goulart, para, em seguida, mergulhar o Brasil no período mais sombrio e tenebroso de sua história. A democracia foi interrompia e a ditadura instalada.

Recordar momentos trágicos nem sempre nos impede de repeti-los. Lembrando que a história nunca se repete exatamente da mesma forma. São icônicas as primeiras palavras de Karl Marx logo no início do livro “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorre, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Aqui, Marx se refere ao golpe promovido por Luís Bonaparte, sobrinho do general Napoleão Bonaparte, para se manter no poder, inaugurando o Segundo Império francês. O primeiro tinha sido obra justamente de seu tio, que também chegou ao poder por meio de um golpe. Personagem medíocre, Luís Bonaparte não conseguiu reeditar os feitos de Napoleão, como se isso fosse possível, diria Marx, pensador dialético perspicaz, sempre preocupado em compreender a dinâmica da história nos marcos do materialismo histórico-dialético. 

Nesta sexta-feira, 01/04, o ministro do TSE, Edson Fachin disse que “a democracia está ameaçada” e a Justiça eleitoral “sob ataque”. Segundo ele, o objetivo do Tribunal, neste ano de 2022, é assegurar “a vontade legítima dos eleitores”, apesar do “circo de narrativas conspiratórias”. São suas as palavras que seguem:

“A justiça eleitoral está sob ataque. A democracia está ameaçada. A sociedade constitucional está em alerta. Impende, no cumprimento dos deveres inerentes à legalidade constitucional, defender a Justiça Eleitoral, a democracia e o processo eleitoral. Não vamos aguçar o circo de narrativas conspiratórias das redes sociais, nem animar a discórdia e a desordem, muito menos agendas antidemocráticas. Nosso objetivo, neste ano, que corresponde ao nonagésimo aniversário da Justiça Eleitoral, é garantir que os resultados do pleito eleitoral correspondam à vontade legítima dos eleitores”.

Discurso do ministro ocorre um dia depois de Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil e apologista de torturador, tentar reescrever a história. Em evento realizado em Brasília, ele enalteceu o golpe de 1964, defendeu a ditadura, e mandou ministros da Suprema Corte Federal calarem a boca. Ver aqui e aqui.

É preciso está atento e forte e resistir a mais uma tentativa de golpe. Aliás, a atual tragédia a qual o Brasil se meteu é fruto de outro golpe: o golpe de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.

Para bem resistir é preciso conhecer a história. Neste sentido, a dica da Aroeira recomenda assistir ao documentário “O Dia que durou 21 anos”, que é uma coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes, direção de Camilo Tavares, roteiro e entrevistas de Flávio Tavares e Camilo Tavares. 

O filme traz documentos inéditos que comprovam a participação dos Estados Unidos no Golpe de 1964, época em que o mundo vivia a Guerra Fria. Havia, inclusive, um plano dos EUA de intervenção militar, caso houvesse resistência ao golpe. No documentário, esses fatos são analisados por historiadores, políticos, militares, diplomatas e estudiosos. Fica a dica!