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Sigmund Freud, o pai da psicanálise, afirmou que a via régia de acesso ao inconsciente são os sonhos; no entanto, os desejos inconscientes se manifestam também através dos chistes, dos sintomas, das repetições e dos atos falhos. Portanto, existem vários caminhos por meio dos quais o analista pode acessar a verdade do inconsciente. De fato, “não existe atividade humana na qual não se manifestem os desejos inconscientes” (para quem se interessa em conhecer a psicanálise, um bom livro de introdução é “Introdução à teoria psicanalítica: Freud, Psicanálise e Conceitos” de Moisés do Vale dos Santos).

Nesta semana, em um evento sobre liberdade de expressão, Jair Bolsonaro comentou um ato falho, que muito diz sobre a pessoa dele. Ele falou que “temos um chefe do executivo que mente”. Ora, quem é atualmente o chefe do executivo?

Pelo contexto do discurso, o atual chefe do executivo, que é, evidentemente, o presidente Bolsonaro, estaria se referindo ao presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso. Disse ele: “mente o ministro Barroso quando diz que [o inquérito da PF sobre um ataque hacker ao TSE] era sigiloso. É uma vergonha. Para as Forças Armadas, se um militar mente, acabou a carreira dele. O cabo não sai sargento. O subtenente não sai tenente. O coronel não sai general. Não tem prescrição para isso. E temos um chefe do Executivo que mente...

Incrível como Bolsonaro tem plena consciência de que é um MITÔmano e ele teme por causa disso, porque sabe que para esse crime não há prescrição. Ele teme muito, pois tem certeza que, se neste ano de 2022 o processo eleitoral seguir o caminho da normalidade, diferente do que aconteceu em 2018, quando ele foi eleito presidente, sua chance de sair vitorioso é quase nula. O cara parece que já vislumbra o fim de sua carreira política vendo o sol nascer quadrado todos os dias. Não por acaso, neste mesmo evento, ele falou sobre o que vem acontecendo com Jeanine Áñez, ex-presidenta golpista da Bolívia. Ela está enfrentando um julgamento em seu país sobre sedição, conspiração, terrorismo, podendo ser condenada a uma pena de até quatorze anos de prisão. Neste momento, Ánez está presa preventivamente, esperando o fim do julgamento, que em março foi suspenso (para mais informações, ver aqui.).

Bolsonaro chegou à presidência do Brasil valendo-se de um discurso montado sobre ódio, mentiras e conspirações. Esta, aliás, é a principal característica da retórica de extrema-direita. Com esse discurso, a extrema-direita cria narrativas polarizadoras, mantendo seus seguidores sempre mobilizados.

Para compreender como funciona a máquina de comunicação do submundo bolsonarista, a dica da Aroeira recomenda assistir a entrevista do escritor João Cézar de Castro Rocha, autor do livro “Guerra Cultural e a retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político”, concedida ao jornalista Leonardo Attuch, da Tv 247. Para acessá-la, é só clicar aqui. Fica a dica!