Reflexões e Coisa e Tal
Para esta semana, apresentamos mais uma reflexão de Herlon Miguel, administrador, ativista e criador da plataforma “Ative a Cidadania” (www.ativeacidadania.com.br). Confira:
O Brasil
é um país extremamente complexo. Aqui - infelizmente - algumas pessoas simplificam
teses e vulgarizam vitórias significativas do movimento social.
Têm
acontecido muitos fenômenos novos. Uma das novidades é a expressão "lugar de
fala".
1. Algumas pessoas usam a expressão "lugar
de fala" sem nunca terem lido, pesquisado ou estudado as implicações dessa
tese, fazendo com que, muitas vezes, a expressão seja utilizada apenas para cercear
o direito do outro falar;
2. A
expressão deve estar galgada na condição do oprimido ser o melhor narrador de
sua própria história. Algumas pessoas se apropriam do conceito como se ele
estivesse pronto - o que não é verdade - mas o debate é antigo e está sendo
aperfeiçoado;
3. Confusões
intelectuais como essas formam uma massa insurgente (mas sem meta unificada),
reprodutora de clichês e alienada. Sem refletirem profundamente nas implicações
dos discursos mal feitos na internet;
4. Nos
anos 70, sob protagonismo da organização Panteras Negras (organização armada),
atores e atrizes, gente das artes, falavam em alguns atos públicos. A estratégia
era repercutir mais amplamente a opinião antirracista;
5. Os
temas lugar de fala (nós falando por nós), auto-organização (nós falando entre
nós) e espaços mistos (nós conversando com brancos antirracistas) são temas
complexos, requerem cuidado e exercício de construção teórica e prática.
Nas
últimas manifestações do “vidas negras importam” metade expressiva dos
manifestantes era de não-negros. Formar, dialogar e atrair aliados precisa ser
uma agenda do antirracismo.
É uma
agenda difícil. Existem muitos oportunistas. Cabe a nós elencar onde, quando e
como podemos organizar as lutas juntos.
Protagonismo
negro, mas a luta antirracista é coletiva.
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