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Na noite de sábado, 09/07, o petista Marcelo Arruda, que era guarda municipal na cidade de Foz do Iguaçu/PR, foi assassinado a tiros por um policial penal federal bolsonarista, Jorge José da Rocha Guaranho, que invadiu sua festa de aniversário de 50 anos de idade. O tema da festa era Lula e o Partido dos Trabalhadores.

Nas redes sociais, o assassino se identifica como “policial penal federal, conservador e cristão” e deixa claro seu apoio a Bolsonaro. Já compartilhou, inclusive, uma foto ao lado de Eduardo Bolsonaro, deputado, filho de Jair Bolsonaro.

Interessante observar as análises sobre o caso feitas pelos partidários da terceira via. Para eles, o que motivou o crime foi a polarização política protagonizada pelos extremismos. Só para ilustrar, vejamos o twitter do jornalista André Trigueiro da Globonews: “todo repúdio à violência política que parece ganhar espaço no Brasil. É inadmissível que isso aconteça em nosso país. As autoridades não podem se omitir neste momento. É preciso pacificar a disputa política e não ignorar os efeitos perversos do extremismo”.

Ciro Gomes disse que “o ódio político precisa ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas”. Já Simone Tebet, pré-candidata pelo MDB, afirmou que os episódios de violência refletem o acirramento da polarização política no País: “lamento profundamente as mortes violentas em Foz do Iguaçu. Me solidarizo com as famílias de ambos. Mas o fato é que esse tipo de situação escancara de forma cruel e dramática o quão inaceitável é o acirramento da polarização política que avança sobre o Brasil”.

Outro presidenciável, o deputado André Janones do Avante, considera que “o debate ideológico sem qualquer base racional leva a tragédia que vamos lamentar profundamente. Ninguém vai conseguir explicar essa paixão que leva um ser humano odiar o outro por convicções políticas diferentes. Hoje nós vamos lamentar, desejar condolências às famílias”.

Sinceramente, ou é ignorância, oportunismo ou mau-caratismo esse tipo de colocação. Não existe, no Brasil, polarização política causada por extremismos. As duas candidaturas mais competitivas, de acordo com todas as pesquisas de intenção de voto, são as de Lula e Jair Bolsonaro. Quem dos dois incita diariamente o ódio político no país? Quem afirma que as urnas eleitorais não são confiáveis e que se não tiver voto impresso não vai aceitar o resultado das eleições? Quem tenta o tempo todo instaurar o pânico social com discursos de ódio? Quem é insensível com a dor alheia, sobretudo nesse tempo de pandemia? Quem ataca as instituições, governadores e prefeitos, tentando colocar a população contra eles? Quem disse que se Jesus pudesse compraria uma pistola? Quem instrumentaliza a religião a fim de obter ganhos político-eleitorais? Quem faz apologia a ditadura e a torturadores? Enfim, quem, com suas falas e atitudes, semeia a violência entre as pessoas? Esse sujeito tem nome: JAIR MESSIAS BOLSONARO.   

Ora, se atualmente há polarização no Brasil, ela é entre as pessoas que lutam pelo direito de viver contra as pessoas que lutam pelo direito de matar, como bem coloca a equipe do Meteoro Brasil. Querer atribuir esse crime fascista a uma suposta polarização politica que tanto mal faz ao país, é mais uma vez culpar a vítima. Há quem diga, até hoje, que o PT foi o grande culpado pela eleição de Bolsonaro. Mais uma vez: ignorância, oportunismo ou mau-caratismo. Se continuar assim, o Brasil tende a continuar a repetir seus erros.

Um ótimo texto, a dica de leitura da Aroeira para esta semana, que desconstrói essa falsa simetria entre Lula e Bolsonaro é do jornalista conservador e nada esquerdista Reinaldo Azevedo, na Folha de S. Paulo, “A real polarização se dá entre a democracia e o caos”. Fica a dica!