![]() |
Imagem/JustWatch |
No
“Dicionário de Psicanálise” de Elisabeth Roudinesco e Michel Plon encontramos
as seguintes informações: “As relações de Sigmund Freud com Wilhelm Fliess e
Hermann Swoboda mostram até que ponto a história do movimento psicanalítico foi
marcada, principalmente no início, por uma temática de plágio, do roubo de
ideias, da droga e da loucura. O ‘caso Otto Gross’, como os que envolveram
Viktor Tausk e Sabina Spielrein, é um dos episódios mais violentos”. Sabina
Spielrein “experimentou o princípio da transferência e do tratamento pelo amor,
e tornou-se a testemunha privilegiada da ruptura entre Jung e Freud. Um foi seu
amante e seu analista, outro seria seu mestre. Mais tarde, inventou a noção de
pulsão destrutiva e sádica, da qual nasceria a pulsão de morte”.
Esses
fatos ajudam a construir o roteiro do filme do diretor David Cronberg, “Um método perigoso”, a dica de filme da Aroeira para esta semana.
O longa é
um drama que tem como personagens principais Freud, Spielrein e Jung. A teoria
psicanalítica foi desenvolvida pelo primeiro, que defendia a influência dos
desejos sexuais sobre o comportamento humano. Essa tese pôde ser comprovada por
Jung quando ele ficou sob a responsabilidade de conduzir o tratamento de
Spielrein. No filme, a relação de Freud e Jung é marcada pela ambivalência: de
um lado, havia uma admiração mútua, de outro, desavenças que resultaram numa
ruptura definitiva. Entre eles, Sabina Spielrein. Destaca-se ainda a
participação de um outro personagem, também real, Otto Gross, que advogava uma
espécie de revolução comportamental através da libertação da sexualidade. A
pedido de Freud, Carl Jung aceitou analisar Otto Gross, que foi um psicanalista
rebelde bastante importante no início da psicanálise.
Por fim,
Cronberg faz referência a uma das maiores tragédias do século XX e da história
da humanidade, o Holocausto, a perseguição nazista aos judeus. Vê-se essas
referências nas seguintes passagens do filme: quando Jung fala para Spielrein
que “os anjos falam alemão”; quando o judeu Freud, preocupado com o avanço do
antissemitismo, diz a judia Spielrein que ficou feliz por ela ter desistindo de
seu “príncipe ariano”, referindo-se a Jung. Finalmente, quando esse diz a
Spielrein que “um pouco de repressão é saudável a sociedade”. Aliás, quem
quiser saber mais sobre a suposta relação de Carl Jung com o nazismo, clique
aqui. Fica a dica!
0 Comments
Postar um comentário