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Segunda-feira, 18/07, num evento que foi organizado por generais, Jair Bolsonaro reuniu embaixadores estrangeiros para conspirar contra o sistema eleitoral brasileiro. Disse que as urnas brasileiras não são seguras e que, sem apresentar prova alguma, as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas. Segundo ele, em 2018, era para sua vitória ter acontecido no primeiro turno das eleições.

Foi um evento em que o presidente do Brasil, ou seja, seu chefe de governo e de Estado, humilhou o país perante a comunidade internacional. Mas por que Bolsonaro questiona diuturnamente o sistema eleitoral brasileiro? A resposta é simples: se o processo eleitoral de 2022 for rigorosamente respeitado (e as instituições, ao que parece, estão empenhadas em fazê-lo), ele vai, inevitavelmente, perder as eleições. Talvez o que ele queira é plantar o caos para justificar o cancelamento das eleições de outubro. 

O que fica cada vez mais claro é que a derrota de Bolsonaro é uma necessidade histórica. O Brasil, quiçá o mundo, não aguenta mais. É um sujeito totalmente desqualificado para conduzir os destinos do país nos próximos quatro anos. Bolsonaro é a barbárie.

Cientes da tragédia que seria um segundo governo Bolsonaro, muitas pessoas, famosas e nem tão famosas assim, estão declarando que irão votar em Lula, porque ele é o candidato que tem as maiores chances de derrotar o “ser desprovido de Luz”. Decisão importante e bem vinda, pois neste momento a prioridade primeira é impedir a vitória de Bolsonaro. A quem diga: agora é derrotar Bolsonaro; derrotando-o, depois a gente ver o que acontece, lá no futuro.

Esse raciocínio é melhor que nada, porém perigoso. Por que não votar em Lula também pelo projeto que ele representa? Esse momento de acirramento político não seria uma bela oportunidade de discutir o país que queremos? Pautar a discussão a respeito de qual deve ser o modelo de Estado, de educação, meio ambiente, saúde, direito das minorias, etc., que queremos construir. A necessidade do eleitor/a votar em deputados/as, senadores/as, governadores/as e partidos alinhados com as pautas do campo democrático-popular, que é aquele qual pertence Lula. Tudo é claro com uma linguagem e métodos renovados, que conquistem o coração e a mente dos mais jovens – muitos deles irão votar pela primeira vez este ano.

É esse tipo de discussão e o engajamento em torno de projetos e utopias que mantém viva a imaginação política. Do contrário, o que temos são sujeitos melancolizados pelo poder. Aquela pessoa que sempre toma decisões em vista do mal menor. No caso específico das eleições, escolhe o candidato para quem vai votar primeiro negando os outros. Ou seja, escolhe votar em um candidato porque os outros são piores. Repare que esse raciocínio é, no fundo, melancólico, desprovido de utopia, fé, esperança e confiança de que as coisas irão de fato melhorar. No máximo, para esse tipo de leitor, o mal será menor.

A dica da Aroeira para este final de semana sugere assistir a palestra do filósofo Vladimir Safatle sobre a “Melancolia no poder”. Safatle apresenta a interessante hipótese de que o poder assujeita os sujeitos na medida em que os melancoliza. O objetivo aqui é bloquear a imaginação política, ou seja, desacreditar os sujeitos históricos de que “é possível mudar uma situação ou que vale a pena imaginar novos caminhos e ousar novas possibilidades”. Fica a dica!