Reflexões e Coisa e Tal
Para esta semana, apresentamos mais uma reflexão de Herlon Miguel, administrador, ativista e criador da plataforma “Ative a Cidadania” (www.ativeacidadania.com.br). Confira:
A maior
parte das pessoas brancas não passa pelo constrangimento de não se sentir
adequada ao espaço, ter questionamentos sobre sua estética, ou pior, ter
questionamentos sobre sua índole.
Giovanna,
naquele episódio, provou um sentimento doloroso. A aflição em ver um filho
sendo covardemente atacado. Naquele episódio, ela sentiu o que muitas mães
negras sentem, infelizmente, todos os dias, que é o sentimento de impotência ao
sofrer uma violência, pior, contra uma pessoa incapaz de se defender.
Esse sentimento,
comum à população negra, dificilmente é sentido por não-negros. Mas o fato é
que, quando acontece, a reação é forte, enérgica e emana raiva.
A
ex-Ministra Matilde Ribeiro foi execrada ao dizer: “não é racismo quando um
negro se insurge contra um branco/racista”. Disse mais: “Quem foi açoitado a
vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.
Só por
falar isso, a ex-Ministra foi acusada de propagar/propor reações violentas. Naquele
momento, ela estava no terreno do discurso.
A
Giovanna, ao contrário, saiu do discurso e entrou nas vias de fato. Ao mesmo
tempo, teve um sistema que funcionou acolhendo a queixa e tratando a mulher
branca como a racista que demonstrou ser.
Nesse
sentido, a repercussão do caso, o fato em si e o resultado devem organizar uma
urgência: a necessidade de pessoas brancas se manifestarem contra o racismo, ao
lado dos negros ou de outras pessoas brancas.
Há uma
perseguição dos negros que combatem ou se manifestam contra o racismo. Ao mesmo
tempo, há uma supervalorização do discurso antirracista do não-negro.
Tanto
Matilde, quanto Giovanna, reagiram contra o racismo. No entanto, o racismo
reage e se volta contra pessoas negras com uma força descomunal.
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