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Comentários se avolumam após a realização do primeiro debate (neste domingo, 28/08) entre alguns dos/as presidenciáveis. Quem foi o melhor? Quem foi o pior? Qual estratégia deu mais certo? Qual estratégia foi a mais equivocada? Quem conquistou votos? Quem perdeu votos? Quem manteve seus votos?

Para alguns, Ciro Gomes e Simone Tebet se saíram bem, Bolsonaro se deu mal, sobretudo entre as mulheres; já Lula foi excessivamente moderado. Os dois primeiros, sem nada a perder, teriam surpreendido positivamente o telespectador. Os dois últimos, por causa do excesso de agressividade ou de moderação, frustraram as expectativas depositadas. Aliás, segundo o Datafolha, entre os indecisos, o atual presidente foi o pior (ver aqui).

Entrementes, quem saiu perdendo foi, sem dúvida, a política. Seja porque os candidatos nanicos insistiram na falsa simetria entre Lula e Bolsonaro (Ciro Gomes, inclusive, disse, em vários momentos do debate, que Bolsonaro é resultado da política fracassada de Lula), seja porque todos eles, a exceção de Lula, sugeriram que o problema do Brasil é a política. Por exemplo, quando falavam em corrupção, é sempre sobre os “crimes” cometidos pelos políticos “profissionais”, mas nunca atacavam os verdadeiros corruptores. Assim sendo, a desconfiança que a grande maioria das pessoas tem com a política só foi reforçada neste debate.

Ora, se o Brasil atualmente se encontra na situação em que está, isso se deve, em grande medida, a negação da política. Pensar modelos alternativos de exercício do poder e expô-los às pessoas é um debate necessário e urgente; da mesma forma que questionar a forma partido como ela é atualmente estruturada.  No entanto, desacreditar a política e os partido políticos é um grande desserviço que apenas cria as condições para ascensão de figuras deploráveis do tipo Bolsonaro. Ele é, na verdade, nada mais que o resultado da negação acrítica da política e dos partidos políticos.

Para quem tem interesse em entender como o Brasil se “bolsonarizou”, a dica da Aroeira recomenda a leitura do texto de Esther Solano, “A bolsonarização do Brasil”, que é o resultado da realização de pesquisas quantitativas e qualitativas junto aos manifestantes pró-impeachment de 2016 e entre os eleitores de Bolsonaro. Fica a dica!