Imagem/FES Brasil

No dia em que o Brasil deveria comemorar os seus 200 anos de independência política, o que se viu foi Bolsonaro cometendo um suposto crime de abuso de poder, pois utilizou-se da máquina pública para fazer campanha político-eleitoral. Os atos oficinais de Brasília e Rio de Janeiro foram transformados em atos políticos.

O objetivo da campanha bolsonarista foi, certamente, o de produzir imagens e falas para alimentar suas redes sociais e desacreditar o que vem sendo mostrado pelas pesquisas de intenção de voto, que o atual presidente dificilmente irá se reeleger. Porém, os recursos utilizados para a produção desses conteúdos vieram dos cofres públicos. Tanto que ações já foram impetradas contra o presidente Jair Bolsonaro (ver aqui).

Neste 07 de setembro, cenas patéticas protagonistas pelo chefe de Estado e de Governo do Brasil foram vistas à luz do dia e encenadas para uma massa que mantém com ele um vínculo libidinal visceral. Foram atuações que, do ponto de vista estético, revelam o tosco, o bizarro e o feio. A síntese de toda essa papagaiada foi, sem sombra de dúvidas, o mito da massa acéfala puxar o coro de “imbrochável”.

De fato, a performance bolsonarista é nojenta e perversa. Ela não causa somente vergonha alheia, mas, sobretudo, nojo. É uma performance apodrecida, porque exala ódio, racismo, machismo, sectarismo, segregação e ressentimentos. Por isso, ela é também diabólica.

Ao sequestrar a bandeira, a camiseta verde-amarela e o sete de setembro, o bolsonarismo prostrou o Brasil, apequenando-o. O caminho de reconstrução nacional será árduo e longo e exigirá mudanças objetivas e subjetivas. O início do desanuviamento tem dia marcado: 02 de outubro de 2022.

O tema da dica da Aroeira para esta sexta-feira é o bolsonarismo, mais precisamente se ele está ou não em crise. Para tanto, sugere-se a leitura do artigo de Camila Rocha e Esther Solano, “Bolsonarismo em crise?”.

O texto é fruto de uma pesquisa qualitativa realizada pelas pesquisadoras, que chegaram as seguintes conclusões:

“O principal fator para o enfraquecimento do bolsonarismo é seu comportamento frente a pandemia, percebido pela maior parte dos entrevistados como denotando falta de caráter e humanidade”. O segundo fator são “as suspeitas de corrupção e o comportamento inapropriado dos filhos, os quais poderiam estar sendo acobertados pelo pai” (Detalhe: a campanha de Lula começou, esta semana, a veicular vídeos mostrando a denúncia sobre a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro e falas do presidente durante a pandemia).

“Embora existam argumentos fortes que apontam para o desgaste do bolsonarismo, o apoio da maioria de seus eleitores persiste. O militar aparece como uma alternativa viável para as próximas eleições não apenas entre bolsonaristas fiéis, mas também entre boa parte dos apoiadores críticos, os quais, ainda que estejam frustrados com as atitudes do presidente, diante da falta de possibilidades melhores, cogitam seu nome para a presidência, especialmente contra o PT”.