Andor com a imagem de Nossa Senhora do Rosário/Foto: Tovinho Régis

Após dez dias de muita oração, agradecimento, pedidos e reflexão, os festejos em honra a Nossa Senhora do Rosário chegaram ao seu final. Foi a primeira novena e festa com a presença de fiéis na Praça da Igreja Matriz e na procissão, após o início da pandemia da Covid-19. É como disse padre Aluísio Alves Borges, pároco da paróquia de Remanso, na Missa Solene de Encerramento, foi um momento de reaprender. “A gente percebeu que a gente aprende e desaprende rápido. Como a gente precisou aprender rápido a conviver e celebrar dentro das restrições. E como a gente teve que reaprender a voltar para a praça e graças a abertura, a acolhida das orientações de todos, a gente pôde fazer uma bonita festa para a honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Ele não conseguiu segurar a emoção ao lembrar que, nestes dias, todos aqueles que se envolveram no processo de organização e realização dos festejos tiveram que ser um suporte um para o outro. E o sentimento é de muita alegria e gratidão.

A Missa Solene foi presidida pelo Bispo da Diocese de Juazeiro/BA, Dom Carlos Alberto Breis. Dom Beto iniciou sua homilia dando testemunho da sua surpresa com a quantidade e, acima de tudo, a qualidade da participação do povo remansense nos festejos em honra a Nossa Senhora do Rosário. “Na escola de Jesus, Maria nos ensina muito”, afirmou ele. Os mistérios rezados nas contas do rosário são na verdade mistérios que salvam, mas que também educam. Dessa forma, continuou o bispo diocesano, acolhendo os ensinamentos de Maria, a comemoração dos 60 anos da Diocese de Juazeiro passa a ter três objetivos.

O primeiro deles: “olhar o passado com gratidão”. De fato, é preciso olhar para o passado para ter mais clareza e segurança sobre o que fazer no futuro, disse Dom Beto. E Maria é mestra neste assunto porque ela guardava e meditava os fatos em seu coração (Lc. 2, 19). Quanta vida doada nestes sessenta anos de caminhada da Diocese, recordou Dom Beto.

O segundo objetivo: “viver com paixão o presente”. Maria era apaixonada por Deus e Ele se encantou com ela, “porque Deus a escolheu para ser a mãe de Seu Filho” (Lc. 1,26-38). Portanto, Maria ensina aos seus devotos/as a terem paixão por Deus, por Jesus e pelo seu Evangelho. A paixão por Cristo se torna compaixão, isto é, “reconhecer Sua presença nos pobres, nos humilhados e nos sofredores”, afirmou Dom Beto. “A paixão por Cristo se traduz em compaixão pelo outro, em especial, pelos pobres”, completou. Mais uma vez Maria ensina quando saiu apressadamente para visitar sua parenta Isabel para servi-la em sua gravidez (Lc. 1, 39-45) e ao interceder, junto a Jesus, pelos noivos no episódio das bodas de Caná (Jo. 2, 3-5).

Finalmente, o terceiro objetivo: “abraçar, com esperança, o futuro”. “Nada mais contrário a fé cristã que o pessimismo e o desânimo”, alertou o bispo diocesano. Maria ficou de pé diante de Jesus crucificado porque nunca perdeu a esperança (Jo. 19, 25-27). Ela também estava reunida com os apóstolos e todos compartilhavam dos mesmos sentimentos e eram assíduos na oração (At. 1, 12-14). Por tudo isso, conclui-se que “Maria é a mulher da esperança”, arrebatou Dom Beto. É preciso esperar, mais do que isso, esperançar, animou ele.

Esses três objetivos, que Maria ensina e vive, são na verdade as três atitudes da Igreja de Cristo. Por isso, “Maria é a figura do que a Igreja é”, afirmou Dom Beto em sua homilia na Missa celebrada após a grande procissão que conduziu o andor com a imagem de Nossa Senhora do Rosário por algumas ruas e avenidas de Remanso. Aliás, na oportunidade, ele repetiu para multidão reunida na Praça da Igreja Matriz o que disse na Missa Solene pela manhã: Remanso tem na sua origem a marca da paz e da tranquilidade, seja porque aqui o rio São Francisco “descansava” para, em seguida, seguir seu percurso, seja porque para cá vieram retirantes vindos da cidade de Pilão Arcado, que fugiam das brigas de famílias. Assim, os remansenses são convidados a contribuir com a construção de uma sociedade onde reine a paz, a justiça e a fraternidade.

A procissão

Momento em que a procissão chega à Praça da Igreja Matriz/Foto: Tovinho Régis

A procissão reuniu uma grande quantidade de pessoas, que cantavam, louvavam, rezavam e agradeciam as graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora do Rosário. Os fiéis também faziam seus pedidos e “pagavam” suas promessas. Em Remanso, é costume os/as devotos/as “disputarem” um espaço próximo ao andor da santa para tocá-lo. Outra marca são os fiéis caminharem descalços. De fato, a festa de Nossa Senhora do Rosário é o maior evento da cidade. Evento religioso católico, mas que faz parte da cultura remansense. Ver toda a mobilização em torno dos festejos da padroeira, as pessoas caminhando com suas cadeiras para participar da novena, a alvorada, que em todos esses dias convidava o povo a participar do novenário, a carreata pelas ruas da cidade, a bonita cavalgada organizada pelos vaqueiros, as crianças e jovens se divertindo no parque, as festas particulares, filhos e filhas de Remanso visitando a cidade nestes dias festivos, tudo isso nos remete a alguns trechos do Hino de Remanso, que entrelaçam a história da cidade com a devoção do povo à Virgem do Rosário:

Vós sois Virgem do Rosário

Do Remanso a protetora

Nossa terra um sacrário

de quem sois a defensora!

Ó Remanso, tão garrido,

Por teus filhos sempre amado,

Do Rosário protegido

Pela virgem abençoado!


+ IMAGENS DA PROCISSÃO E DA CELEBRAÇÃO DE ENCERRAMENTO (Fotos: Tovinho Régis):