Reflexões e Coisa e Tal
Para esta
semana, apresentamos o texto de Luã Andrade (@oluaandrade) via Escurecendo Fatos (@escurecendofatos). Confira:
Nem todo
branco acha que preto é sulbarteno.
Mas todo
branco já foi incentivado a pensar que sim.
Nem todo
branco chama preto de macaco.
Mas todo
branco conhece outro que já fez isso.
Nem todo
branco debocha do cabelo crespo.
Mas todo
branco cresceu ouvindo que cabelo bom é o liso.
Nem todo
branco hiperssexualiza ou fetichiza o corpo negro.
Mas todo
branco reconhece esse comportamento em seu círculo de amigos.
Nem todo
branco se considera o mais bonito, inteligente e poderoso.
Mas todo
branco é incentivado a agir como tal pelos meios de massa e produtos da
indústria cultural.
Nem todo
branco tem uma vida fácil e abastada.
Mas todo
branco usufrui do racismo estrutural que inferioriza o negro.
Nem todo
branco tem medo ou se sente ameaçado por um negro na rua.
Mas todo
branco já ouviu de uma colega que ao cruzar com um negro sentiu medo de ser
assaltada.
Nem todo
branco está consciente do quanto racismo afeta a sua subjetividade. E de como
suas atitudes podem impactar, ainda que inconscientemente, um indivíduo negro.
Nem todo
branco consegue perceber a influência do privilegio racial na própria
trajetória. Alguns, infelizmente, jamais conseguirão olhar com carinho para as
questões raciais. Outros nem fazem questão de mergulhar em si mesmos, em busca
da desconstrução e da empatia.
Eu, por
vezes, perco a esperança.
Há
brancos usando seu privilégio para combater o racismo?
Há
brancos questionando a falta de negros nos espaços que frequenta?
Há
brancos dispostos a equilibrar a balança?
O branco
precisa entender que a baixa produtividade econômica decorre da descriminação
da principal mão de obra, que é a negra. E que assim nunca teremos um
desenvolvimento sustentável.
Às vezes
- confesso - me pergunto onde estão os antirracistas. E em seguida me lembro:
não é fácil abrir mão de privilégio. Não é fácil reconhecer que nem tudo na sua
vida é só o seu esforço. A tal meritocracia. Para pra pensar: quantos negros
suas atitudes já humilhou, feriu, diminuiu e fez sangrar?
Eu
entendo.
A
dificuldade que vocês têm com raça, eu tenho com gênero.
É árduo
se admitir algoz.
Coragem
brancos! Quem mais tem poder estrutural para mudar isso são vocês.
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